terça-feira, 6 de março de 2012

Céu de estrelas
Bom dia. Eu morava em Campo Grande e, havia o melhor “messenger” da época, o MIRC, na sala “Brasil”, aonde chegava a ter mais de mil pessoas na mesma sala, a gente conseguia pescar pessoas que depois leváva-mos para o MSN, ou o que fosse. Depois, com a democratização dos computadores e as experiências crescentes dos hackers, não dava mais para usar. Era muito pouco seguro e entupia qualquer computador de vírus. Não havia antivírus que desse jeito.

Mas eu fui um dos últimos heróis a usar o MIRC. Era tanta gente que dava para escolher gente de todos os tipos e de qualquer parte. A diferença é que você, ao chamar uma pessoa, abria um chat com a pessoa. E a coisa desenvolvia ou não. Era ótimo, mas foi um dos primeiros programas da internet e, desta forma, sem patrocínio, não dava para mantê-lo no ar. Eu é que sei ou que é pagar e trabalhar para fazer um site diário, quando não falha... Herrar é umano...
Daí achei uma “Lindinha” (ela se achava, né?), e puxei papo. Goiana, ajeitada, convidei para conhecer CG e ela foi. Foram 10 dias inesquecíveis e, quando ela foi embora eu senti um profundo vazio. Como eu só tinha compromisso comigo e minha mala, não tinha Chula nessa época, fui atrás da moça e, como eu sou muito prático, em 30 dias estava casado com ela. Só precisava ir a Campo Grande buscar o que desse pra levar embora. E abastecemos o “Golzinho” quadrado dela e partir pra estrada. Hahaha... E cadê a estrada?
De repente ela sumia, e quando você caía do outro lado estava com cárter do óleo furado, tudo certinho para fundir o motor. Num trecho de 80 quilômetros, entre a ida e a volta e mais uma vez que fomos, consegui fundir o motor três vezes. Na volta da última viagem, ao chegar na passarela do diabo, começou a chover. Mas era chuva de macho. Coisa bruta. Não dava pra ver nada. E fomos indo até que... atolamos. Bem à noite, numa estrada que os sabidos não trafegavam nem de dia, que dirá à noite.
Depois ela comprou um carrinho melhor, mas o de bunda quadrada nem som tinha. Ela vai ficar puta de eu ficar falando mal do carrinho dela que nos foi tão útil. Mas não tinha som mesmo. Bem... Um pobre outro coitado até quis ajudar. Mas era carro normal e, pra piorar, estava sem bateria, não conseguia mais dar partida e conseguimos fechar a estrada. E o tempo passava, a chuva não parava, e nem eu saía do atoleiro e nem o colega conseguia fazer o carro pegar. Foi escurecendo e ninguém aparecia para um socorro.

A paciência já tinha ido pro saco. Só dava um desespero de dormir sentado num carro abarrotado de coisas, três pessoas, e solução alguma. Foi aí que a chuva parou e, em pouco tempo, o céu limpou... Mas lua não seca barro. Daí eu, numa crise repentina de otimismo, observei que de uma hora para outra, mesmo estando nós no brejo puro, o céu estava limpo e lindo como raras vezes vi. Romântico que sou, depois de tanta desgraça, exclamei para a companheira que estava já parindo o filho que não esperava: “Olha, amooorrr, que céu mais lindo. Que coisa deslumbrante!!!”. Pensei que iria agradar.
Mas não foi o que aconteceu. Ela ficou foi triplamente mais nervosa. Estava para morrer com tanta desgraça e o otimista estava admirando a beleza do céu. Acho que ela nem olhou, mas ficou com raiva de mim por muito tempo. Será que em meio a tantos contratempos não poderíamos admirar a única coisa boa, embora não desatolasse carro e nem fizesse as horas passarem?

Empurramos o carro que não pegava para a lateral da estrada e logo em breve apareceu uma carreta, único monstro capaz de andar naquela estrada. Pelo avançado da hora, o rapaz foi até gentil em nos levar. Aquela região, sul de Goiás e norte de Mato Grosso do Sul, é uma terra de ninguém. Tanto que a primeira coisa que o motorista nos mostrou foi seu revólver para resolver problemas de tráfego. Andar de carreta já é uma desgraça. Naquela estrada não podia ser pior. Mas conseguimos, aos solavancos, chegar numa CIDADE decente que tinha socorro e pudesse ir buscar o carro para nós, e depois lavar, revisar para seguir viagem. Não foi fácil.
Mas, o que importa para mim, até mesmo para esquecer as longas horas de abandono naquele meio do fim do mundo, é que talvez tenha sido aquele o céu mais lindo que eu já vi na minha vida. Todas as estrelas compareceram. Pode ser que já tenha visto outro mais deslumbrante, mas não emporcalhado de barro dos pés à cabeça. E o frio? Todo molhado? Mas nada disso mudou o céu. Só a reclamação da companheira que queria que eu enfiasse o céu na sacola e jogasse no mato.

Já fazia tempo que eu não vivia uma aventura assim. Foi bom para rejuvenescer. Até amanhã.
Zé Caparica - 09.02.2010

domingo, 14 de agosto de 2011

Pais...



Este homem que eu admiro tanto,
com todas as suas virtudes e também com seus limites.
Este homem com olhar de menino, sempre pronto e atento,
mostrando-me o caminho da vida, que está pela frente.

Este mestre contador de histórias
traz em seu coração tantas memórias,
espalha no meu caminhar muitas esperanças,

certezas e confiança. Este homem alegre e brincalhão,
mas também, às vezes, silencioso e pensativo,
homem de fé e grande luta,
sensível e generoso.

O abraço aconchegante a me acolher, este homem,
meu pai, com quem aprendo a viver.
Pai, paizinho, paizão...
meu velho, meu grande amigão, conselheiro e leal amigo:
infinito é teu coração.

Obrigado, pai, por orientar o meu caminho,
feito de lutas e incertezas
mas também de muitas esperanças e sonhos!
Feliz Dia dos Pais!
(Autor desconhecido)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Porque você Partiu???

Uma tarde volto do trabalho, como todos os dias, exceto por um detalhe, você não está do outro lado da tela para falar comigo.
Ainda posso ouvir o telefone tocar, consigo ouvir sua voz me dizendo: "amor, vamos conversar."
Você se foi...Mas foi assim que Deus quis, você longe de mim e eu longe de você para que eu sofresse.
Abro o album de fotografias, você sorridente, lindo... Aperto contra o peito, tentando sentir seu abraço, assim eu choro como nunca chorei...
É sério, doido, triste e machuca.
Tento me erguer todos os dias, mas não consigo.
Depois deste tempo sem você, no meu coração sobraram apenas os pedações que não consigo juntar, um grande vazio, pois era você quem preenchia e ocupava este espaço.
Sinto muita falta de sua voz carinhosa, mansa e cativante, de seu sorriso, dos brilhos de seus olhos.
Hoje você é um anjo...
No silêncio da solidão choro sua ausência... PORQUE VOCÊ PARTIU?

terça-feira, 22 de março de 2011

Zé Caparica - Zezinho Ternura


 Viver é muito difícil. Isso é uma grande verdade. Uma das maiores verdades que temos que encarar na vida. Mas é uma verdade interessante porque uma vez que a gente realmente a enxerga e a entende como tal, nós transcendemos isso. Vamos além. Assim que nos conscientizamos que viver é muito difícil e aceitamos isso como um fato inevitável e realista, imutável, então já deixa de ser tão difícil. Porque uma vez que a gente aceita esse fato ele já nem é tão importante. O que compensa o lado difícil da vida é seu lado “ternurinha”. O nosso lado “paz & amor”. Não dá pra ficar só engolindo verdades e franquezas o tempo inteiro. Há que se acreditar no belo, no harmonioso, no sentimental.
Quando um homem quer fazer sexo com uma mulher, ou mesmo namorá-la para casar, etc, é capaz de dizer qualquer coisa que ela queira ouvir. E ela faz questão de acreditar em cada palavra, pois era isso mesmo que ela queria ouvir. No nosso lado “ternura” não há grande espaço para a verdade real. Só para as relativas. Muito mais delicioso e melodioso ouvir um “eu te amo” meio falso, que um “talvez um dia eu venha a te amar” com a maior sinceridade.
 Há na vida perguntas que nos constrangem dar respostas automatizadas ou bobocas, frases prontas, etc... Eu fico aqui pensando quantas vezes os toques suaves na minha alma me fizeram crescer. Para minha versão “os brutos também amam”, eu tenho um sentimentalismo muito grande e desenvolvido que faz com que eu me emocione com muita facilidade. A dor do outro me causa compaixão. A angústia da outra me causa apreensão. Dá aquela sensação bonitinha de “eu quero colaborar para um mundo mais feliz!”. Coisas tão leves e suaves, ternas e meigas, impossíveis de serem descritas sem cometer injustiça, dada a leveza e pureza de um verdadeiro suave toque na alma. São tantas coisas lindas que já se passaram em nossas vidas.
Certa vez numa viagem, quando o ônibus parou no posto para o lanche, uma menina subiu em outro que estava saindo e eu gravei aquela imagem como sendo a mais linda mulher de toda a minha vida. Fiquei ali, estático, olhos travados, trocamos um olhar profundo, enquanto o motorista, impávido, fechava a porta e ia embora levando junto o meu amor para nunca vou saber onde. Nem nome teve. Só uma imagem que nunca me saiu da cabeça. Nem nunca vai sair. Me emocionei dada a minha impotência e incapacidade de fazer qualquer coisa. Aquele olhar... mas como descrevê-lo com justeza? Me lembro da lágrima de adeus que mudou a minha vida...
 Ah, que prazer poder lembrar e descrever esses momentos tão significantes e ternos, que me tornaram a pessoa livre e leve que eu sou, que me ensinaram o que é ternura e brilho nos olhos... Os golpes duros da vida, ora, a gente já nasce cascudo que é para suportá-los mesmo, mas talvez só o suportemos com tanta obstinação porque os deleitosos toques suaves da alma nos abasteçam de forças para que a gente possa crescer com estabilidade e rigidez para as durezas da vida, mas sem perder a capacidade de receber e viver as grandezas que às vezes vêm aos turbilhões em pequenos gestos de amor e modestos carinhos na alma.
Che Guevara foi um guerrilheiro visionário e cheio de boas intensões de tirar os oprimidos das mãos dos opressores. Escreveu dezenas de textos  comentando e ensinando suas doutrinas. Quase ninguém leu. São textos  muito chatos. E pode-se imaginar as durezas de uma guerrilha na selva sob condições demasiadamente precárias. Mas Che virou um mito mundial por uma frase que, por mais que se tente modificar, só fica boa no original: "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás".
Ser duro, cru, franco, sincero, objetivo, etc, não desfaz meu lado “ternura”. Quando não estou dedicado a essa sina de falar e escrever o que eu penso e me dá vontade, eu estou sempre voltado para os devaneios das belezas da vida. Imaginem vocês que eu sempre encontro um tempo de regar minhas plantinhas e “conversar” com elas. Talvez a Chula tenha entrado na minha vida justamente para “humanizar” a casa.
05.02.2009


domingo, 20 de março de 2011

Aprendi...


Aprendi....que ninguém é perfeito enquanto não se apaixona. 
Aprendi....que a vida é dura mas eu sou mais que ela!! 
Aprendi que...as oportunidades nunca se perdem aquelas que desperdiças... alguém as aproveita;
Aprendi que... quando te importas com rancores e amarguras a felicidade vai para outra parte. 
Aprendi que... devemos sempre dar palavras boas... porque amanhã nunca se sabe as que temos que ouvir..
Aprendi que...um sorriso é uma maneira econômica de melhorar teu aspecto. 
Aprendi que... não posso escolher como me sinto... mas posso sempre fazer alguma coisa. 
Aprendi que...quando o teu filho recém-nascido segura o teu dedo na sua mão tenta prendê-lo para toda a vida.
Aprendi que...todos, todos querem viver no topo da montanha... mas toda a felicidade está durante a subida. 
Aprendi que... temos que aproveitar da viagem e não apenas pensar na chegada. 
Aprendi que...o melhor é dar conselhos só em duas circunstâncias... quando são pedidos e quando deles depende a vida. 
Aprendi que...quanto menos tempo se desperdiça... mais coisas posso fazer. 
(autor-desconhecido)

terça-feira, 8 de março de 2011

Saudades

Bom dia. É curioso só existir a palavra “saudade” em português ou em galego (que para quem não sabe é um quase português misturado com pouco espanhol), se saudade não fosse uma coisa realmente ruim de sentir. Porque quem sente saudade, de verdade, é quem fica e não quem vai, às vezes ambos, mas podemos garantir que sempre ficam mais do que os que se vão. É claro. E esses sabem, sim, como a saudade é o tormento que nos faz lembrar que a pessoa que tanto amamos não está mais ali, nem ali do lado, mas alhures, um lugar qualquer, pouco importa, foi embora, e a dor da solidão em virtude da saudade é horrível.
Chico Buarque de Holanda, em sua música “Pedaço de mim” (feita em parceria com Francis Hime), em dado momento descreve a mais encantadora e definitiva das poucas possíveis definições de “saudade”, ainda que moída de tanta dor. Mas ele consegue explicar que “a saudade é como arrumar o quarto do filho que já morreu”. Quem sofre não está lá delirando. Está doendo de verdade. Obviamente, tratando-se “saudade” de um sentimento e não de um objeto, não há o que mostrar. A dor da saudade assemelha-se à dor da depressão nesse ponto. Embora na depressão não haja razão real para tanta tristeza, em ambos os casos não existe um órgão palpável, ao qual possa se possa dar o nome de “mente” ou “saudade”. Mas os estragos que ambas causam na gente é um horror.
A saudade muda nosso caráter, como muda nossa forma de ver ao vivo e com cheiros as grandes realidades da vida. E é obrigatória uma divisão qualquer entre o emocional e delirante e o racional e factível. Como eu sempre digo aqui, saibam que eu tenho sempre ciência que escrever é muito mais fácil do que por o próprio problema no conselho do outro. Quando chegou a minha vez de ver meu filho “do outro lado do mundo”, me doeu a alma. E hoje ainda temos MSN, Skype, câmera, microfone, entre tantas outras tecnologias. E mesmo assim a saudade me acaba. Imagino minha mãe que, em 1970, embarcou meu irmão para a Rússia para estudar Física, e só o viu seis anos depois, com um breve telefonema de baixíssima qualidade durante esse tempo todo.
A saudade acaba também com a vida dos retirantes, quando chegam à conclusão que o marido deve ir na frente para Rio ou São Paulo, embora todas as capitais sejam premiadas hoje em dia, para voltar e buscar mulher e filhos assim que se arrumar. E esse “assim que se arrumar” nunca chega, e a saudade aumenta dos dois lados, sem dinheiro, com fome, a esperança escoando pelo ralo, e um monte de crianças com saudade do pai. Nesse caso dá vontade de voltar correndo para o útero da mãe.
As origens da palavra saudade, leiam na Wikipedia os que se interessarem mais, vem de uma mistura enorme entre latim, galego, grego e outras línguas que, a um dado momento a palavra surgiu. Como surgem todas. Mas o que chama a atenção é que justamente os sentimentos de solidão, melancolia, espera, etc, é que acabaram dando origem à palavra. Isso em torno de 1500, com as navegações. Já as outras línguas tentam demonstrar a dor da ausência que sentem, mas ainda não encontraram uma definição pronta, correta, completa, ainda que triste, desagradável e que provoca muita dor.
Sim. Porque ir a um lugar maravilhoso e querer voltar não é saudade, é lembrança. O mesmo se dá com alguém que se viu, se gostou e gostaríamos de ver novamente. Isso é encantamento. Saudade pode ser aquele buraco enorme que fica na gente quando alguém parte para “até um dia”. Enquanto esse alguém não volta, parece que a alma fica lá, como um corpo exposto, faltando algo que precisa ser preenchido. O nosso grande amor.
Saudade é uma delícia. Mas sempre na alma alheia. Machucando lá, não dói aqui. É até romântico ver alguém chorar de saudade. Demonstra grande amor. Aos que estão sofrendo muito de saudade de seja lá quem for, meus sentimentos e breve recuperação, ou seja, que seu saudoso volte logo, caso não seja de morte. E se você é uma pessoa felizarda que não sofreu de saudade, continue assim. Vai ver você é uma pessoa extravagantemente abençoada e nem sabe disso. Até amanhã. (Zé Caparica-10.11.2009)